A importância dos ácidos graxos na dieta
Um trabalho recente realizado no Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC, na sigla em inglês), um dos 17 centros de pesquisa, inovação e difusão (CEPID), financiados pela FAPESP, sinaliza que o dano cerebral em animais obesos, alimentados com dietas ricas em gorduras saturadas (gorduras trans), poderia ser parcialmente revertido por meio do consumo de alimentos ou compostos ricos em outro tipo de gordura, as insaturadas, basicamente as mesmas que são benéficas ao coração.
Pesquisadores da OCRC deram, de duas maneiras distintas, ácidos graxos insaturados da família ômega 3 para camundongos obesos e constataram a formação de novos neurônios no hipotálamo. Para um grupo de roedores, forneceram um dieta rica em ômega 3, presente em grande quantidade em algas, peixes de água fria, como salmão, atum e na linhaça. Para outro grupo, injetaram Ácido Docosa-Hexaenoico (DHA), ácido graxo poli-insaturado da família dos ômega 3, diretamente no hipotálamo. Um terceiro grupo recebeu apenas uma solução salina em sua dieta.
Oito semanas mais tarde, constataram o surgimento no hipotálamo de neurônios tipo POMC, que modula a sensação de saciedade, nos roedores que se alimentaram de comida rica em ômega 3 e nos que receberam doses de DHA. O grupo de controle não apresentou formação de neurônios. Esse é o primeiro trabalho que mostra neurogênese no hipotálamo induzida por nutriente alimentar, como a dieta rica em ômega 3”, afirma o médico Lício Velloso, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-UNICAMP), Coordenador do centro e do estudo com animais. “Talvez as gorduras insaturadas possam ser um forma de minimizar a morte de neurônios causada pela inflamação do cérebro, associada a obesidade”.
O estudo foi publicado na Revista Científica Diabetes em 28 de outubro de 2015.